ensinaram-me
que o mundo era dividido
em dois
que
eu estava de um lado
você do outro,
que pra estar contigo
eu precisava ser cada vez mais diferente
de você. Vestir
trajes, crescer barbas, ter gestos firmes, palavras calculadamente racionais
e você
florida, perfumada, delicada, fragilizada, em dependência emocional.

Nos ensinaram a nos gostar
desejar uma a outra
sem que nos enxergássemos
uma na outra
– e a chamar
de amor
esse desencontro entre
nossas almas.

Tentei ser teu príncipe. Quis ser pra ti
todos os romances
que teu coração merecia.
Mas o tempo rasgou aquelas roupas
posto que
nunca couberam
tais calças
em minhas coxas vadias
ou aquele colete
cobrindo meus peitos de puta
nem aquelas luvas
escondendo
minhas mãos de fada.

Hoje não sou teu príncipe
nem mesmo a princesa que desejavas
encontrar dentro de si- me tornei
aquela bruxa
vilã dos teus contos de fada,
espelho daquela mulher
que sempre tivestes medo
de se tornar.

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