flutua Lesbos
em meu corpo:
ilha de onde não vim,
mas que habita minha
língua
com suas tramas
sáficas
amazônikas.
porém os amores que vivo
não são de Europa.
insisto na desGrécia:
(re)escrevendo bocas
tortilleras
sapatonas..
pululam sapas
no meu corpo,
nômades mapas traçados por aquelas que:
amam – lutam – fogem- fodem – organizam orgias – guerrilhas – amizades – se casam – separam – ficam sós – agrupam -se escondem – voltam pra armários – quebram armários – consertam chuveiros – marcham – tocam siririca- violão – guitarra – tocam Gadu, Cássia e Ellen – tacam molotov – dormem de conchinha – amam pra sempre – moram longe – levam caminhão de mudança – terminam – choram ouvindo música ruim – rebuceteiam – tretam – trepam – tremem
fazem
mundo
tremer
e os corpos em volta
tremem:
pululam sapas
neste corpo
que não veio de Lesbos
mas chamam de
lésbica
(e eu
chamo
de sapatão mesmo)